segunda-feira, 5 de maio de 2008

CONVIDADA: Flá Perez

Alma Mito Amor Lógica

Na beira do penhasco
engastado no rochedo,
um corpo imune à morte,
uma pedra imune à vida.

E a Alma empoeirada
de portas sempre fechadas
estala ao vento norte
feito casa antiga

Há lençóis cobrindo espelhos,
vergonhas e velhos móveis.

Inalienáveis armários cheios
de cofres fortes e fósseis

Inválida, alienada,
a castelã sempre sonha
e nem ela, nem o tempo
aparecem na sacada.

Mas num dia como outro
pelo vão da janela entra
envolto em jornal velho
um deus manco e torto

No cavalo branco de pó
traz fantasmas e roupas de festa.

Beijos de faca, guitarras,
bocas coladas e orquestras.

A Alma outra vez habitada
passa noites acordada agora:

com Amor dança e seresta
o vazio está lá fora.



(Flá Perez)

*Arte na gravura:: Kumka

Flá Perez é ano 68 modelo 69, produzida no Rio de Janeiro e exportada para São Paulo. Bailarina de caixinha de música que esconde um INa 38 na gaveta, embrulhado em lingerie de renda preta.
flavia_perez@hotmail.com

4 comentários:

Felipe Leal disse...

UAU
Ótimo poema!

Mario Ferrari disse...

LINDO POEMA, MÍTICO, UM DEUS MANCO, LINDO. NADA É PERFEITO POR ISSO TUDO É!
vOCÊ FOI UMA GRATA SURPRESA.

ABRAÇO
MARIO

Flá Perez (BláBlá) disse...

obrigada!

Ruy Villani disse...

Dessa menina aprendi que pecado, pecado mesmo é não ler o que ela escreve.

by TemplatesForYouTFY
SoSuechtig, Burajiru