Alma Mito Amor Lógica
Na beira do penhasco
engastado no rochedo,
um corpo imune à morte,
uma pedra imune à vida.
E a Alma empoeirada
de portas sempre fechadas
estala ao vento norte
feito casa antiga
Há lençóis cobrindo espelhos,
vergonhas e velhos móveis.
Inalienáveis armários cheios
de cofres fortes e fósseis
Inválida, alienada,
a castelã sempre sonha
e nem ela, nem o tempo
aparecem na sacada.
Mas num dia como outro
pelo vão da janela entra
envolto em jornal velho
um deus manco e torto
No cavalo branco de pó
traz fantasmas e roupas de festa.
Beijos de faca, guitarras,
bocas coladas e orquestras.
A Alma outra vez habitada
passa noites acordada agora:
com Amor dança e seresta
o vazio está lá fora.
(Flá Perez)
*Arte na gravura:: Kumka
Flá Perez é ano 68 modelo 69, produzida no Rio de Janeiro e exportada para São Paulo. Bailarina de caixinha de música que esconde um INa 38 na gaveta, embrulhado em lingerie de renda preta.
flavia_perez@hotmail.com
segunda-feira, 5 de maio de 2008
CONVIDADA: Flá Perez
Postado por Noss'arte - Não a arte caduca. Sim a Noss'arte! às 13:19
Marcadores: Convidados, Flá Perez
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4 comentários:
UAU
Ótimo poema!
LINDO POEMA, MÍTICO, UM DEUS MANCO, LINDO. NADA É PERFEITO POR ISSO TUDO É!
vOCÊ FOI UMA GRATA SURPRESA.
ABRAÇO
MARIO
obrigada!
Dessa menina aprendi que pecado, pecado mesmo é não ler o que ela escreve.
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