sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Ruas de Minha Cidade

Na minha cidade
As ruas vestem títulos
Que eu mesmo escolho.

Nasci na Rua
pra Sofrimentos
Futuros,

Onde meus choros
Eram fugitivos
De janelas
Entreabertas.

Passei nela muito
Tempo.

Mesmo crescendo,
O sofrimento parecia
Coisa que não passava,
Nem fenecia.

Tentei sair por aí bebendo,
Tentei escrever poesia.

E logo em seguida,
Fui para a Rua dos Sonhos,
N.º 6350.

Um número entre tantos,
Uma prosa de versos e contos,
Irmandade de negros e brancos,
Gregos e troianos.

Suas ruas de barro,
Pareciam receber à noite
Passos de monstros,
Sorrateiros e temerosos.

Era a primeira rua da cidade,
De onde dava para enxergar,
Lá em cima, no topo mais alto,
A tal Rua Nobre da Felicidade.

Essa era um breu só.

Em noites sem lua,
Até se esquecia
Que por ali havia
Algum tipo de rua.

Mudei-me então
Para rua da Saudade,
E também passei lá muito,
Muito tempo.

Essa ruazona, que parecia mais
Auto-Estrada,
Ficava bem no meio
Da minha cidade.

E descobri mais tarde,
Que nela havia dois becos:

Um para a rua onde nasci,
Que ainda visitava
De quando em quando,

Outro, bem mais estreito,
Para uma que só havia ouvido falar,
Chamada Rua do Amor,

Onde cheirava a rosas e jasmins,
E as calçadas, o asfalto,
Até mesmo o canto dos pássaros
Pareciam feitos para durar
Uma ou duas eternidades.

Foi lá que te conheci.

E agora mudamos de casa.

Deixo nosso endereço para cartas:

Rua Nobre da Felicidade, n.º 1.

André Espínola

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