Na minha cidade
As ruas vestem títulos
Que eu mesmo escolho.
Nasci na Rua
pra Sofrimentos
Futuros,
Onde meus choros
Eram fugitivos
De janelas
Entreabertas.
Passei nela muito
Tempo.
Mesmo crescendo,
O sofrimento parecia
Coisa que não passava,
Nem fenecia.
Tentei sair por aí bebendo,
Tentei escrever poesia.
E logo em seguida,
Fui para a Rua dos Sonhos,
N.º 6350.
Um número entre tantos,
Uma prosa de versos e contos,
Irmandade de negros e brancos,
Gregos e troianos.
Suas ruas de barro,
Pareciam receber à noite
Passos de monstros,
Sorrateiros e temerosos.
Era a primeira rua da cidade,
De onde dava para enxergar,
Lá em cima, no topo mais alto,
A tal Rua Nobre da Felicidade.
Essa era um breu só.
Em noites sem lua,
Até se esquecia
Que por ali havia
Algum tipo de rua.
Mudei-me então
Para rua da Saudade,
E também passei lá muito,
Muito tempo.
Essa ruazona, que parecia mais
Auto-Estrada,
Ficava bem no meio
Da minha cidade.
E descobri mais tarde,
Que nela havia dois becos:
Um para a rua onde nasci,
Que ainda visitava
De quando em quando,
Outro, bem mais estreito,
Para uma que só havia ouvido falar,
Chamada Rua do Amor,
Onde cheirava a rosas e jasmins,
E as calçadas, o asfalto,
Até mesmo o canto dos pássaros
Pareciam feitos para durar
Uma ou duas eternidades.
Foi lá que te conheci.
E agora mudamos de casa.
Deixo nosso endereço para cartas:
Rua Nobre da Felicidade, n.º 1.
André Espínola
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Ruas de Minha Cidade
Postado por Noss'arte - Não a arte caduca. Sim a Noss'arte! às 00:32
Marcadores: André Espínola
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário