um escritor de minha idade não precisa
de muito mais para sobreviver
que uma garrafa de uísque
e uma foda
com
a namorada,
ainda depende dos pais
e esconde as latas e garrafas vazias
na ultima gaveta
do guarda roupa
é lá o esconderijo
de sua vida.
andar pelas ruas
cabisbaixo
trepar
e masturbar-se ao som de chopin
e da janela golfa
um jato de luz
como vomito
em sua cara
e
a mãe
preocupada
vem
dar-lhe conselhos,
ele finge que está doente,
tranca-se no quarto
e liga o som no mais alto,
o telefone toca
ele imagina raskolnikov,
chinaski, fausto,
riobaldo.
ele tem caganeira
e lê o romance
enquanto caga.
o suicídio é uma boa saída
para quem vive assim,
nunca se sabe,
mas quando se é jovem
o temor é mayor,
quem sabe um dia
viverei em cuba ou no uruguai?
há muito ainda para tolerar.
não é tempo,
chega de poemas tolos
aqui e agora um poema cheio de álcool,
não... não...
uma confissão.
é preciso um emprego,
uma faculdade,
um carro,
uns professores bastardos
com a barba feita
dando-lhes indicações
e qualquer
metáfora
a essa hora
da noite
soa
como uma grande mentira
e o pai da namorada
tem hálito de cebola,
fede
e torce para o são paulo,
é um cretino.
o que serei
aos
quarenta anos?
essa resposta não faz diferença
quando se tem apenas dezessete
como eu,
ainda digo besteiras
reparáveis
e acordo bêbado nas festas
pensando
neste mesmo momento
daqui a dez anos.
não importa,
na cadeia me levarão
maços de papel e cigarro
e eu beberei até cair
e minha mãe
levará bolo com café
e sorrirá do bom ambiente
pensando tudo que não foi
lembrando minhas fraldas
sujas de merda,
ela chora
e
eu não
dou bolas.
e a radio toca musica clássica
mpb
e
deus
em algum canto
acompanha-me na dose.
e esse é o maior poema que pensei em fazer,
minha odisséia.
(André Luiz)
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Publica textos na comunidade do Bar do Escritor.
2 comentários:
arre! grado pela publicação e inda mais pelo bendito blog. tá para lá e para cá de bom.
Arre! Gratos estamos nós, pela belezura de poema!! Desses que a gente lê de um gole só, e fica entre vinho e cachaça, porque dá um nó no juízo e uma vontade de ler mais... Beleza de Odisséia!
Sê bem vindo!
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