terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Vagando a Bunda Por Aí




Essa hora estou vivo
E respiro
Apenas para ver
As nuvens no céu
Voando.

Figurinhas vestidas de branco
Como santos
Fazendo passeios fora do paraíso,
Entregues ao léu,
Andando sem destino.

Toda essa santidade me acalma.

E por um instante
Não vejo o mundo
Girar ao redor de si
Sem sentido.

Nem bêbados cantando:
"Viva! Viva!"
Pedindo mais uma dose
De um uísque de doze anos.

Também não vejo as árvores
Que saem dos seus bolsos
Como sementes brotando
Em terras perdidas.

Não vejo as sanguessugas
Chuparem as almas de vítimas
Que agradecem humildemente
Por serem postas em pratos
Como saborosas
Comidas.
Não vejo esse casamento do Mundo,
De paletó e gravata,
Com Morte da Vida enquanto vida (i)munda,
De véu e grinalda.

E que essa vaga dê sua bunda
Por aí.

Mas me deixem ver as nuvens no céu voando.

André Espínola

1 comentários:

André Rodrigues disse...

titulo sugestivo e poema à mais de meio em bom! apraz!

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